terça-feira, 16 de julho de 2013

Amor


Aprendi com Sandy e Júnior tudo o que eu sei sobre o amor. E acho que esse texto poderia acabar por aqui, porque uma criança que já ouvia música de fossa aos sete anos de idade, dificilmente vai conseguir se tornar um adulto bem resolvido com a questão. Ou pelo menos bem resolvido o suficiente para falar sobre ela.

A minha visão do amor é louca de romântica. E não tem como não ser. Desde que me entendo por gente sou bombardeado por Romeus e Julietas e Bentinhos e Capitus e Jacks e Roses e acho tudo muito lindo. Só que esse tipo de amor não existe, né? E isso eu só fui descobrir com uns 14 anos, quando a ideia já tinha vingado aqui dentro. Aí não adiantava mais lutar. Eu estava fadado a viver procurando um amor que, racionalmente, eu já dava por extinto.

Por proteção ou medo, acabei me fechando e assumindo uma postura extremamente blasé pras coisas do coração. Postura essa que venho sustentando até hoje com afinco. O medo do não-amor é quase tão forte e verdadeiro quanto o medo do amor. Se você parar pra pensar, são a mesma coisa.

Não Te Amo, do Almeida Garret:

Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.


Não te amo, quero-te: o amor é vida.

E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!


Ai! não te amo, não; e só te quero

De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.


Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.

Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?


E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Gosto de pensar que amor é uma questão de fé. Assim como Deus.

É preciso acreditar que amor é isso que você está sentindo ou que você está sentindo aquilo que dizem ser amor. É preciso estar atento às inspirações da alma, às influências do espírito, às manifestações da natureza. No dia em que alguém tiver certeza da existência de Deus, ele deixa de existir. Isso porque sem fé, religião vira história; e fé consiste, basicamente, em acreditar no que não se vê. Se a existência de Deus for provada, nossa fé deixa de ser.

Pedro Bala

Nenhum comentário:

Postar um comentário